quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Balanço Indochina

Finalmente consegui terminar a organização das fotografias e fazer algumas considerações finais do que vi e experienciei.

Uma característica comum nestes 3 países é a grande presença da religião na vida dos seus habitantes e, por isso, não é de admirar que o facto de Laos e Cambodja serem mais semelhantes entre si e um pouco diferentes da agitação do Vietname possa ser deveras influenciada do tipo de Budismo praticado e origem de tal cenário. Em Laos e Cambodja pratica-se o Budismo Theravada (assim como, por exemplo, na Tailândia e Myanmar) enquanto que no Vietname, muito influenciado pela China, predomina o Budismo Mahayana (assim como, por exemplo, além da China, Tibete e Japão).
Mesmo ali ao lado, na Malásia, encontra-se um exemplo da elevada importância da religião na vida do país, onde os eleitores votam nos partidos políticos predominantemente de acordo com a sua religião. O facto de hoje se poderem encontrar muitos indonésios na Malásia deve-se a isto. Há alguns anos atrás, o governo Malaio (muçulmano) ao ver uma diminuição relativa de votantes no seu partido, resolveu facilitar a imigração de indonésios com o intuito de aumentar o número de votantes no seu partido.
Em Laos, local onde se “tropeça” em templos, o “Sabaidee” fica-nos na memória! Se em Portugal, quando se saúda alguém, se faz com um curto “bom dia”, “olá” ou em inglês com um “hi/hello”, em Laos faz-se com um longo “sabaideeeeeeeee”. No início ainda comecei a pensar que seriam coincidências mas depois, independentemente de ser na rua, num mercado, num restaurante, ... em todo o lado, saúdam-se as pessoas com um longo “sabaidee” que, para quem não está habituado, dá ideia que estão a contemplar e saudar de verdade a pessoa com a qual cruzaram.

No Cambodja, mais em Siem Reap do que em Phnom Penh, a saudação faz-se com uma pequena vénea em que as mãos ficam palma com palma junto ao peito, principalmente em hotéis, restaurantes e locais de comércio.
O Cambodja é um país onde contrasta o deslumbrante, o mau e o feio. Os templos do império Khmer dos séculos IX-XII, maioritariamente em Angkor, são algo a não perder! É pena muitos templos correrem risco de colapso e muitos já terem sofrido saques e terem sido vandalizados, principalmente, durante a guerra civil e do regime de Pol-Pot. Em Phnom Penh o mais marcante são sem dúvidas os vestígios do genocídio perpetrado pelo Khmer Rouge, liderado por Pol-Pot, que é difícil de acreditar que ocorreu há apenas 30 anos e ninguém fez nada...
Dos 3 países, o Cambodja é o país com melhor nível de inglês e é curioso que um dos desportos principais seja o voleibol. Em quase todo o lado se pode encontrar uma rede de voleibol (semelhante ao que acontece com os campos de futebol em Portugal).
O que não estava à espera de encontrar eram tantos casinos no Cambodja, é um país onde se joga muito mas o mais curiosos é que a entrada está vedada aos Cambodjanos. Só é autorizado a estrangeiros e, por isso, encontram-se com maior densidade junto às fronteiras.
Os venderores de rua mais simpáticos encontrei no Cambodja! Era um diálogo muito divertido (para ambos)! Faziam de tudo para vender “leva isto para a tua namorada/mulher”, “não tenho”, “então leva para a tua mãe”, “já lhe comprei presentes”, depois ainda pensavam mais um bocado e lá respondiam “compra-lhe outra prenda” ou então “leva para amigas”!!!... O mais engraçado surgiu quando lhes comecei a responder “não quero, obrigado” em Khmer. Quase todos me respondiam de imediato “queres, queres. Vais comprar” também em Khmer! :-) Uma vez que isso não resultou, tentei noutras línguas - francês, espanhol e chinês – que deu para ter um diálogo interessante. Francês e espanhol também desenrascam, mas chinês já não. Depois explicaram-me que como os chineses são maus compradores, eles não se aplicam no chinês.
Se ouvirem dizer que os cambodjanos não gostam dos tailandeses e vietnamitas, isso é verdade. Isto acontece porque no passado tiveram muitas guerras com estes países e actualmente é comum o Vietname e, principalmente, a Tailândia tentarem roubar território aos Cambodjanos.

O Vietname tem uma grande influência chinesa e, por isso, a sua história cruza-se com a chinesa mas, curiosamente, acabou por não adoptar o alfabeto chinês, mas sim o ocidental. Quanto ao alfabeto, Vietname, Cambodja e Laos adoptam todos alfabetos diferentes! O do Vietname é o ocidental com algumas nuances mas o dos outros 2 países é totalmente distinto (ver imagem abaixo).



O que mais marca o Vietname, talvez por causa dos filmes, é a famosa guerra do Vietname que os EUA levaram a cabo. Até na Cidade Proibída, em Hué, se encontram efeitos dessa guerra numa grande parte que foi destruída nesse período.
É engraçado ver que um dos actos heróicos atribuídos aos imperadores Vietnamitas prende-se com as suas aventuras com as concubinas. Há até um imperador (que já não me recordo do nome) que é conhecido por engravidar 7 mulheres num dia!...

Os condutores de tuk-tuk são uma constante nestes países e, como vivem muito do turismo, conhecem muitos dos locais a visitar. Uma coisa importante é negociar os preços antes de entrar nos mesmos mas, mesmo assim, não é garantido não haver problemas (também nada que não se resolva). Nos primeiros dias em cada cidade tenho quase a certeza que fui enganado algumas vezes mas, ao fim de algum tempo começava a conhecer quais os valores apropriados e já era eu que propunha o preço. No último dia em Luang Prabang, ao regressar ao hotel fui de tuk-tuk e propus logo 10000 kip (o valor justo que equivale a cerca de 1€) mas ele pediu mais e como já não tinha paciência para negociar lá aceitei “seventeen”. E não é que o chico-esperto quando me deixou no hotel me pede 70000 kip jogando com o facto de em inglês se poder confundir “seventeen-seventy”. “Tu és maluco. Por esse valor dava várias vezes a volta à cidade”, disse-lhe eu. Só que ele não desistiu mas, como era eu que tinha o dinheiro na mão..., dei-lhe o que tinha acordado e virei-lhe costas.
Um destes condutores que eu não me esqueço foi um de mota em Hué. O que ele se esforçou para que eu fosse transportado por ele. Foi hilariante! Estava eu a caminhar à noite junto ao rio de Hué e vem ele ter comigo a perguntar para onde ia e se eu precisava de transporte. Disse-lhe o nome do bar para onde estava a ir e acrescentei que preferia ir a pé e que até sabia que era um pouco mais à frente (segundo o mapa). Então ele começa a dizer-me que deveria ir a outro bar onde há mulheres “jeitosas” e começa a contorcer-se, a gemer e coçar-se em cima da mota tentanto imitar o que eu iria encontrar e como elas agem. Foi demais e é pena não ter registado isso em vídeo: “gooda girl”, “you dance, la la la, you drink, u u...”, “gooda, gooda”. Foi tão cómico que eu não resisti e desatei à gargalhada. O homem até quase que caia da moto enquanto tentava exemplificar como era!!!

Também em Hué, fui assistir a um concerto de música tradicional num barco. À noite, dezenas de barcos, sensivelmente de 2 em 2 horas, partem para o meio do rio Perfume com turistas a bordo para dar um concerto. Dentre cerca de 20 pessoas, eu era o único não vietnamita, por isso, não percebi nada do que diziam antes das músicas. E, no final, havia um ritual de cada pessoa acender uma vela num pequeno cesto de papel e pousar no rio talvez para pedir algum desejo (?). O que me safou nesta altura foi uma das cantoras que veio ter comigo e me entregou uma vela para eu também depositar no rio. E, nesta altura, aconteceu uma coisa engraçada. Havia um miúdo (1-2 anos) que estava no colo dos pais e quando de cruza comigo pede para vir para o meu colo... pego nele e, ao fim de alguns minutos quando a mãe o vem buscar ele não quer ir!... Agora imaginem o que é um ocidental no meio de vietnamitas com um miúdo vietnamita ao colo. Toda a gente começa a rir-se e os pais sacam logo da máquina fotográfica para me tirar fotografias com o filho deles. Pena é eu nunca ter andado com máquina fotográfica à noite e, por isso, não ter podido registar este momento!
De qualquer forma encontrei no You Tube um vídeo que dá uma pequena ideia destes concertos no rio em http://www.youtube.com/watch?v=ANkKz7yyccg



Uma coisa que aconselho no Vietname e Cambodja (não encontrei em Laos) é contratar um condutor de cyclo (bicicleta com um banco á frente) durante 1 hora. Isto é um serviço que eles tentam impingir aos turistas e é interessante para ficar a ter uma panorâmica da cidade, e eles até tentam explicar os locais por onde se vai passando.
Eu experimentei por duas vezes conduzir a bicicleta e aquilo não é nada fácil. Em Hué aproveitei uma estrada comprida com uma pequena inclinação, a caminho do Pagode de Thien Mu. Primeiro dava muitas vezes com os joelhos na cadeira e depois os pseudo-travões eram muito fracos e eram num puxador por baixo do banco (=> tirar as mãos do “volante” para travar). Houve uma altura que aquilo começou a embalar e como não conseguia controlar a bicicleta parei logo e troquei com o condutor antes que eu e ele nos aleijássemos.
Além do tuk-tuk e cyclo, há também os “moto-taxis”, muito comuns principalmente no Vietname. Andei mais de mota durante estas semanas que no resto da minha vida! É agradável principalmente quando está calor.
Enquanto que no Vietname, desde o ano passado, é obrigatório o uso de capacete (mal entramos nas motos eles dão-nos um capacete “tipo-penico”) já no Cambodja não é necessário.
Devido à forma desorganizada, embora (felizmente) lenta, como eles conduzem, apanham-se muitos sustos! Houve várias vezes que eu respirei fundo quando via carros ou uma imensidão de motos a vir na nossa direcção, principalmente quando estava nos cyclos em que ia mesmo na frente do veículo, sendo portanto o pára-choques. Depois tinha-me sempre de lembrar que eles estavam habituados e, por conseguinte, não havia que preocupar (muito). Mas mesmo assim...

Um conselho que dou é andar sempre com um mapa e nos primeiros dias numa cidade tentar orientar e obter pontos de referência. Isso ajuda muito a ter uma noção da distância a percorrer e, principalmente, se nos estão a levar para o local correcto. No último dia à noite, em Phnom Penh que não conhecia muito bem, houve uma altura que comecei a desconfiar do condutor do tuk-tuk pois estava-me a levar por umas ruas escuras que eu desconhecia mas, felizmente, ao fim de algum tempo encontrei território conhecido. Outra utilidade, de ter um mapa e ter uma noção da orientação da cidade, é para indicar o caminho aos condutores de tuk-tuk. Em quase todas as cidades houve alturas que tive de ser eu a dizer-lhes o caminho para onde pretendia ir.

Quanto à vida nocturna, não é nada de especial. Em Vientiane segundo o que percebi a melhor discoteca é a “Lunar 36” que fica num hotel. É um local agradável, onde se encontram locais e estrangeiros, que começa muito tarde. No dia em que estive lá esteve toda a noite a dar hip-hop! Luang Prabang tem legislação local de fechar bares e discotecas às 23h30 e, por isso, não há nada de especial.
Nas discotecas do Vietname, como pelos vistos não é muito comum as mulheres sairem, assim de repente, quando nada o fizer esperar (ou eu é que sou ingénuo) estão-te a propor ir para o hotel e a fazer um preço!...
Comum nestes países são as mesas de bilhar nos bares onde se pode jogar de borla. Joga-se ao “bota-fora”. Quem quer jogar, escreve o seu nome num quadro e joga quando chegar a sua vez. É uma boa forma de conversar com locais mas as mesas estão muitas vezes em mau estado (descaem). Foi desta forma, conversando com o barman e barwoman dum bar em Hué (Brown Eyes, aconselho) que aprendi muito vietnamita e também fiquei a conhecer melhor o que eles pensam, por exemplo, dos americanos.
Por acaso, a mesa de bilhar foi a minha salvação em Phnom Penh. À noite resolvi ir a um bar OneZeroFour que tinha lido ser um dos melhores (mentira). Mal entro lá dentro assusto-me, estava “vazio” e com cerca de 15 mulheres que param todas a olhar na minha direcção e algumas a gritar. Pensei logo em ir-me embora mas não dei a parte fraca! :-) Segui em frente directamente para o 1º andar que sabia ter uma mesa de bilhar. Fiz algumas partidas, algumas das quais com um australiano que entretanto também entrou lá e que trabalhava há 3 meses em Phnom Penh, e depois fui-me embora.

O que é que os habitantes de Laos, Vietname e Cambodja conhecem de Portugal? Infelizmente (ou felizmente) é apenas o futebol e Cristiano Ronaldo. Por vezes é mais fácil dizer que somos de Portugal se dissermos que somos do país do Cristiano Ronaldo. Eles gostam muito do futebol e enquanto estive por lá, eles encontravam-se a preparar ansiosamente para assitir ao europeu de futebol.
No Vietname o guia ainda me disse “nós aqui nunca ouvimos de falar de Portugal excepto pelo futebol. Portugal é um país pacífico/calmo, não é?!... De Espanha ainda ouvimos notícias da ETA mas de Portugal nada...”. Também há vantagens de não sermos famosos!!!
Um dos artefactos em que marcamos presença são os canhões de guerra da altura dos descobrimentos. Em todos os que encontrei referiam-me quase sempre que tinham vindo dos portugueses!
Uma coisa que adorei nestes países foi a variedade e quantidade de fruta que têm. Enquanto que em Portugal, e de certa forma na Europa, se quisermos comer alguma coisa entre as refeições estamos condenados a bolos e pão, na Indochina, só há fruta, alguma da qual muito boa. Soube-me tão bem comer um ananás fresquinho (1€) em Angkor Thom quando fazia um calor abrazador!



Desenganem-se os que olham para as máscaras, que as pessoas usam nas bicicletas e motas, e entendem ser por causa da poluição. Também o é mas a maior parte das vezes é para proteger do Sol. Houve zonas rurais (claramente não poluídas) onde cruzei com pessoas com máscara e depois descobri porque também o fazem. É para proteger do Sol! Há mulheres que chegam a ter umas camisas que vestem ao contrário enquanto andam de mota para cobrir os braços e para as mãos usam luvas, tudo para proteger do Sol e assim não envelhecer tão precocemente.



Para terminar demonstro-vos que se as pessoas nestes países podem não ter boas condições de vida, essas dificuldades também têm os animais. A foto seguinte, tirada no Vietname, mostra um burro a ser transportado vivo numa mota!...

As diferenças para Portugal são imensas mas eu vou destacar apenas duas: a pacatez/paciência das pessoas e os standards de higiéne. Na Ásia as pessoas são muito calmas e na estrada nunca se vê ninguém a reclamar com ninguém. Eles usam a buzina exageradamente mas nunca ninguém sequer franze a sobrancelha! O que é muito diferente do que encontramos por cá. Uns dias depois de ter chegado a Portugal, às 8h30 ia eu para o trabalho quando num entroncamento uma motorizada entra pelo lado esquerdo na minha faixa. Como estava a ir muito para o meio da faixa de rodagem resolvi dar uma apitadela para garantir que o condutor me estava a ver. Ui, o homem passou-se, tirou o capacete em andamento e ameaçou atirar-me com ele! Que pessoas stressadas! E, era ao início da manhã!!!...
Também uns dias depois de chegar estava a ver o telejornal e passou uma reportagem dum festival da francesinha onde mostraram a cozinha. Aquilo pareceu-me quase uma sala de operações pois estava muito limpinha e arrumada e os cozinheiros até usavam luvas para manipular os alimentos. Nada que se parecesse com o que eu convivi nas semanas anteriores!!!


Bem, e é tudo, se quiserem ver mais fotos (algumas repetidas) podem ir a http://homepage.esoterica.pt/~rscf/fotos.html#indochina2008

terça-feira, 24 de junho de 2008

e enquanto eu não me despacho...

e enquanto eu não me despacho..., se quiserem ver alguns dos locais por onde passei e dos quais escrevi aqui, podem fazê-lo no Travel Channel nos seguintes horários:

quinta-feira, 26 Junho - 15:00
Earthwalkers: Halong Bay - Vietnam

sexta, 27 Junho - 15:00
Earthwalkers: Nha Trang, Vietnam & Yangshuo, China

segunda-feira, 30 Junho - 7:00
Earthwalkers: Phnom Penh-Cambodia & Cairo-Egypt

segunda-feira, 30 Junho - 15:00
Earthwalkers: Vientiane - Laos

terça-feira, 01 Julho - 15:00
Earthwalkers: Hue - Vietnam

domingo, 8 de junho de 2008

Ainda não acabou... :-)

Para terminar decentemente o capítulo da Indochina deste blog... vou ainda escrever, nos próximos dias (já em Portugal e de volta ao trabalho), mais um post em que vou tentar resumir/realçar alguns dos pontos mais marcantes e o que fica desta viagem.

Por isso, deêm mais um salto cá, lá por volta de Domingo dia 15, para lerem/verem o post final.

Cambodja: Phnom Penh

Como tudo tem um fim, eu termino a minha viagem em Phnom Penh, a capital do Cambodja. A cidade em si não é muito interessante pois há muitas zonas muito desorganizadas, sujas e com um cheiro nauseabundo (uma mistura da poluição emitida pelos veículos motorizados e, nalguns casos, lixo em decomposição).

De qualquer das formas tem alguns pontos de interesse dos quais destaco os que estão relacionados com o Khmer Rouge, o regime ditatorial perpetrado por Pol Pot, que enquanto durou (1975-1979) dizimou cerca de 2 milhões de cambodjanos com o objectivo de começar do zero apagando tudo o que estivesse relacionado com o passado, principalmente, governantes e seus familiares mas, não só...


O primeiro local que visitei foram os denominados "Killing Fields" que tal como o nome sugere era o local, a 17 km do centro da cidade, onde executavam barbaramente homens, mulheres e bebés, predominantemente à noite. A forma como os bebés eram executados fez-me lembrar o humor negro "Sabes quantos bebés são precisos para pintar uma parede?...", que imaginava que ninguém faria nada de parecido mas, pelos vistos, estava enganado. Uma vez agarrados pelas pernas, os bebés eram lançados contra uma árvore perante o olhar impotente das mães que tinham de assistir a tudo isto antes de serem elas próprias executadas... (aumentem a imagem à direita e leiam as inscrições nas placas...)

O segundo local é Tuol Sleng, ou S-21 Prison, que inicialmente era uma escola secundária mas que foi adaptada para prisão durante o regime de Pol Pot, onde eram (também barbaramente) torturados e interrogados os opositores ao regime. Hoje, aqui podemos encontrar fotografias das pessoas executadas (fyi, antes de executadas todas as pessoas eram fotografadas), as celas onde os presos eram postos e torturados tendo até uma ou outra ainda sangue no tecto, repito, no tecto, resultante de espancamentos...

É tamanha a carga emocional deste local que há relatos, nomeadamente de um amigo do meu guia que é segurança à noite neste local, de se verem/sentir fantasmas... (deixo à liberdade de cada um acreditar ou não :-))


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Siem Reap: Angkor Thom & Ta Prohm & Angkor Wat

Como alguns de voces tem-me pedido para por mais fotografias, aqui vao mais algumas imagens de Siem Reap.

O templo de Bayon caracterizado pelas torres de 4 faces que se encontra localizado no interior de Angkor Thom, uma cidadela que chegou a ter 4 milhoes de habitantes por alturas do seculo XI-XII.
















Ta Prohm que foi o cenario do filme Tomb Raider, com as suas arvores tipicas enraizadas nas pedras do templo.




Duas fotografias de Angkor Wat tiradas ao amanhecer e que me obrigaram a levantar 'as 4h30... (a segunda tem uma particularidade para os mais atentos...)




Mas, infelizmente nao foi possivel assistir a um nascer do Sol como deveria ser :-( pois esta nao e' a melhor época do ano. A altura mais apropriada e' compreendida entre Fevereiro e Abril.

Para terminar, uma visao do alem!... :-)


terça-feira, 3 de junho de 2008

Cambodja: Siem Reap

Ontem cheguei a Siem Reap - Cambodja e logo de inicio comecei a gostar disto. Para comecar, o aeroporto e' o meu favorito d'entre todos os que ja' visitei ate' hoje. Nao e' um aeroporto "chapa 5" como, por exemplo, o do Porto e de Shanghai. E' original e muito acolhedor, tirando partido da vantagem de ser um pais tropical!

Depois, em Siem Reap nao temos a confusao do transito tipica das cidades asiaticas (feio, desorganizado e barulhento) tal como encontrei tanto em Hanoi como Ho Chi Minh City. E' engracado ver barracas ao longo da estrada onde vendem gasolina (ilegal) 'a garrafa 0,5 USD mais barata do que nas bombas!!!







Ao almoco pus-me logo a comer coisas boas (mais uma cozinha que aprecio bastante) comecando por uma prato tipico chamado Amok (peixe cozido em ervas, amendoim e leite de coco com especiarias Khmer, servido no interior de um coco novo) e como aperitivo/acompanhamento uma bela salada de papaia verde salteada com amendoim. Uhm!...



Da parte da tarde avancei para Angkor Wat, o templo mais emblematico do Cambodja sobre o qual apenas vos deixo algumas imagens...



Apesar de muito interessantes os templos tem um grande problema, devido 'a grande instabilidade que houve no pais muitos dos artefactos mais valiosos/importantes foram roubados e algumas estruturas ja' colapsaram ou correm esse risco. Por isso, apressem-se...




Ontem vi umas canas de bamboo com arroz 'a venda e decidi experimentar. Delicioso. E' arroz pegajoso (para relembrar Laos :-)) com alguns feijoes pretos e cozido dentro da cana de bamboo. Sabe mesmo bem comer aquele arroz suculento com o toque dos feijoes e a pelicula de bamboo! Uhm...


E' pena e' que apenas se encontre disto 'a venda nas ruas e nao se possa comer num restaurante a acompanhar a comida. Ontem provei e hoje voltei a matar saudades!!!






...e, para acabar o dia, fui jantar a um restaurante com um espectaculo de danca Apsara. No final foi hilariante ver os japoneses a subirem ao palco, a la penetra sem qualquer jeito, para tirarem fotografias com as bailarinas quando elas todas subiram ao palco para se despedirem do publico.




Antes de acabar este post, seguindo a sugestao do Carlos, aqui vao umas dicas para quem vier para estes lados:

- de chinelos e ate' se pode tornar perigoso quando se sobem alguns templos mais ingremes e com degraus minusculos;

- outra coisa a nao esquecer tambem e' repelente de insectos. Tal como li outro dia, e' para usarmos como se fosse desodorizante! Como os templos sao na selva ha' muitos mosquitos!

E, para terminar, deixo-vos com uma fotografia de mais um olhar penetrante.

Ho Chi Minh City


No ultimo dia que estive em Ho Chi Minh City, mais conhecida pelo antigo nome de Saigao, tive o privilegio de pelo manha ir visitar os tuneis de Cu Chi e ficar espantado com os 200km de tuneis que os Vietcongs e populares construiram para se defenderem dos americanos, sem qualquer planeamento, puramente tentativa-erro.

Vejam do lado esquerdo este "wanna-be vietcong" num dos esconderijos e do lado direito um dos tuneis construidos. Chamo a atencao para o facto do tunel, alem de ser muito escuro (foi o flash que fez milagres) estar de momento alargado (para caberem turistas) mas, mesmo assim, tive de andar la' praticamente de gatas!!! A sorte e' que os vietcongs eram mesmo pequenos. Contudo, estes tuneis tambem eram muito pequenos para eles o que os obrigava a rastejar com alguma frequencia.

Outros factos que me deixaram impressionados refectem a creatividade e vontade que os Vietcongs tinham em defender o seu pais. Como eles nao tinham grandes apoios, o calcado de combate eram umas sandalias feitas a partir de borracha de pneus usados... algumas minas e granadas eram feitas a partir das bombas lancadas pelos americanos que nao chegavam a explodir, eles desmontavam e aproveitavam as pecas... depois, montaram muitas armadilhas semelhantes 'as usadas para cacar animais na selva (exemplo: espetos em bamboo).



Na parte da tarde resolvi dedicar a tarde toda a vaguear pela cidade (a melhor forma de ficar a conhecer uma cidade e a sua vida), passando pelo War Remnants Museum que nao tinha planeado visitar. Como li algumas criticas positivas resolvi dar uma espreitadela. Muito interessante! A nao perder! Porem nao e' um museu light (nao aconselhavel para os mais impressionaveis) pois as fotos e relatos que estao la' por vezes impressionam. La' podemos encontrar, entre outros: noticias sobre os 3 americanos que se queimaram vivos como forma de protesto do ataque americano; medalhas de generais americanos que ofereceram ao museu acompanhado por um pedido de desculpas do ataque...; descricoes das torturas aplicadas aos prisioneiros pro-vietnamitas; as vitimas do gas laranja com o qual os americanos deixaram muitas marcas durante e APOS a guerra; desenhos de como as criancas vietnamitas veem hoje a guerra do Vietname (a imagem seguinte e' de um desenho feito por um miudo de 12 anos).









Eu se fosse americano acho que me envergonharia ao visitar este museu!...





Mais havia para contar mas tera' de ficar para mais quando regressar pois quero ir aproveitar mais! :-)


P.S. Para os curiosos que gostariam de saber porque esta cidade nao se chama mais Saigao, isso deve-se ao facto de, apos a guerra do Vietname, terem pretendido apagar todos os vestigios/lembrancas do apoio aos americanos. Saigao e' uma cidade do sul do Vietname cujas classes socias mais elevadas e o governo (fyi, nessa altura havia o Vietname do norte e do sul) apoiaram os americanos por, nomeadamente, temerem a unificacao do Vietname, o que significaria perder o poder por serem menos populares que o Ho Chi Minh.

sábado, 31 de maio de 2008

Enigma do Museu de Etnologia

Da ultima vez esqueci-me de vos por um enigma pois tenho de comecar a por-vos a mandar bitaites.

Na minha rapida visita a Hanoi fui, entre outros, ao Mausoleu do Ho Chi Minh que fica na Tiananmen ca' do sitio e onde podemos ver o corpo do primeiro presidente do Vietname debaixo de muita seguranca. E' notorio a admiracao que os Vietnamitas tem por ele! Este presidente teve uma ideia excelente durante a guerra com os EUA que foi por prisioneiros americanos no palacio presidencial e avisar os americanos disso! Foi remedio santo para nao atacarem o palacio presidencial e hoje podermos admira-lo na sua totalidade! :-)


Depois no museu de Etnologia pode-se aprender mais um bocado sobre as mais de 10 etnias constituintes do povo Vietnamita e nos jardins temos varias casas tipicas das diferentes etnias.

Carlos,

Sabes como se chama uma delas?!... Han! Mal vi isso fui logo confirmar "Os Han sao oriundos da China e os criadores da lingua chinesa, nao e'?", "sim"


E agora... o enigma.

Vejam as duas seguintes fotografias e tentem adivinhar que edificio/casa e' esta. Para que serve?
Vou-vos dar algum tempo para pensarem e mandarem palpites. E, na pior das hipoteses, se ninguem acertar, daqui a 2 dias dou-vos a resposta.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Baia de Halong

Ontem estive, segundo a UNESCO, em mais uma maravilha do mundo. Ja' comeco a perder a conta de quantas tenho visitado nestas ferias e ainda vou visitar... Desta vez foi a Baia de Halong, a cerca de 170Km de Hanoi. Estive la' a andar de barco durante 5 horas numa baia muito bonita e no final almocei um excelente marisco a bordo.

Desta vez nao me vou alongar na descricao desta baia, fica para depois. Fico-me apenas por uma foto, pelo comentario que o guia me fez "da proxima vez tens de vir acompanhado, este local e' muito bonito... Eu venho ca' varias vezes e nao me canso!" e pela informacao de ser uma baia enorme (andei la' cerca de 30Km e nao consegui ver o mar, parece que ainda faltavam outros tantos), caracterizada por montes/montanhas/ilhas de rocha calcaria e que era o destino inicial para se gravar o filme 'James Bond: The Man With The Golden Gun' mas, como naquela altura as relaccoes com os Estados Unidos ainda nao estavam totalmente regularizadas, o governo do Vietname nao autorizou e entao foram filmar para Phuket.

Ja' que referi os Estado Unidos... tenho de confessar que quanto mais viajo, menos aprecio os americanos... Eles vem com aquelas tretas de policias do mundo e garantes da estabilidade entre nacoes mas a verdade e' que tem sempre interesses por tras: no Iraque e' o petroleo; no Vietname, pelo menos, era a tentativa de conter a expansao do comunismo... e, se reparar-mos bem eles estao metidos em todas as ultimas guerras ou de forma activa ou como instigadores e, ate' ao momento, falam muito mas ate' agora foram os unicos que usaram bombas atomicas!...

Ontem no final do dia tive uma surpresa. Aqui tenho comido e bebido de tudo, inclusive bebidas com gelo ('as vezes so' reparo tarde demais) e, felizmente, nao tenho tido problemas. Acho que tenho um estomago preparado para isto! Exceptuando os comprimidos para a Malaria, aquilo cai como uma pedra. Ao fim de cerca de 4-5 horas comecasse a sentir um peso no estomago... Mas, ontem foi diferente. Era dia-hora de tomar o comprimido e, ao contrario das outras vezes, como nao jantei, apenas comi ananas que tinha no quarto, tomei com estomago vazio. Nao e' que desta vez nao caiu como pedra, tal como as anteriores!... Agora fiquei na duvida se foi por nao ter jantado ou se por comecar a habituar-me 'a "pedra". Vou ter de esperar pela proxima semana para tirar as duvidas! :-)

Acordar e olhar para o lado...

Ja' alguma vez dormiram muito bem e quando acordaram assustaram-se ao ver quem estava ao vosso lado?!... Pois, na primeira noite no Vietname aconteceu-me isso... Eu nao deveria estar para aqui a relatar estas coisas mas, agora ja' esta'...Entao apos uma boa soneca, acordei e ao abrir os olhos assustei-me! Onde e' que ontem estava com a cabeca para a trazer para aqui comigo?... e' mesmo feia! Ate' posso rotular, pela parte dela, como "o belo e a monstra". "So' posso ter bebido uns copos a mais para vir com ela para o quarto, mas nao me lembro de nada... pois deve ter sido isso". O mais irritante e' que quando acordei os olhos dela brilharam... dasse... E, pior que tudo, ela nao estava com grande vontade de ir embora, entao ignorei-a e comecei-me a vestir. Mas, para acreditarem na minha descricao, nao a deixei ir embora sem tirar uma foto para poderem ver com os vossos proprios olhos.




Como e' que a hei de chamar?! Osga, salamandra, sardanisca?... Deixo ao vosso criterio!!! :-)

Mas, isto e' algo que temos de estar preparados quando estamos em paises tropicais. Um colega tinha-me dito que, na Malasia, houve um dia em depois de deitar-se viu uma criatura destas na parede dentro do quarto e la' se teve de esconder debaixo dos lencois!!! Felizmente, la' so' as vi mesmo nas paredes do hotel mas sempre fora do quarto. Mas, em Hanoi tive o azar de encontrar uma dentro do quarto.

Haveria formas mais eficientes de blogar...

Isto de poder escrever so' quando consigo encontrar uma loja com computadores com acesso 'a Internet nao da' jeito nenhum. Durante o dia, por vezes, tenho tempos mortos que poderia aproveitar para escrever pois assim conseguiria contar mais historias, com mais pormenores e melhor estruturadas. E' que a minha produtividade da escrita nao e' tao boa quanto gostaria!!!Ainda ontem estive no aeroporto la' sentado 3h. Mas, como nao tenho nenhum computador comigo, pois o seu transporte causaria algum transtorno...Contudo, cada vez mais entendo que da proxima vez que vier de ferias tenho, ou de trazer um computador portatil pequeno ou entao, talvez melhor, um teclado para o meu telemovel/PocketPC. Se me tivesse lembrado disto antes, ja' podia ter procurado no fim de semana que estive no Sim Lim Square - um shopping em Singapura com 6 andares, so' de lojas de material electronico - um verdadeiro exagero. E' que, alem de poder escrever mais para o blog, tambem poderia ir adiantando a catalogacao das fotografias que tiro enquanto me lembro. So' de imaginar a trabalheira que terei quando regressar, e a frustraccao de me esquecer d'alguns pormenores interessantes, ate' me assusto.De qualquer modo, quando fizer anos, ja' sabem o que me oferecer! ;-)

Ah, no inicio estive quase para vos pedir feedback (comentarios, emails, ...) sobre o blog para dizerem o que pretendem saber/ver mas, como ja' o tem feito tem-me facilitado a vida! :-)

Vietnam: Hanoi e' de doidos!!!

Que choque ao entrar em Hanoi! Enquanto estive em Luang Prabang, Laos, nao concordei muito com o que tinha lido sobre a cidade - que era a cidade Asiatica mais pura/tipica - porque, principalmente, a rua principal da cidade estar muito virada para os turistas, muitos bares e restaurantes todos lavadinhos e arranjadinhos, o que nao e' algo comum na 'Asia.

Porem ao entrar em Hanoi, passei totalmente a concordar com o que tinha lido sobre Luang Prabang. Hanoi e' uma cidade stressante e barulhenta. Aposto que na primeira aula de conducao que estes tipos tem, em vez de mostrar onde esta' o travao, os piscas e como se liga o carro, eles comecam logo pela buzina: "antes de arrancares, buzina... se vires algum carro/peao/veiculo, buzina... ao entrares num cruzamento, buzina..., ... e, nao vale a pena stressares"

Como as fotos so' conseguem captar a parte visual, fiz o seguinte video ao inicio da noite onde podem ter tambem o som mas, infelizmente, ainda nao da' para transmitir cheiros (daqui a uns anos...).




Quanto ao atravessar das ruas, tinha lido que requeria algum cuidado e o melhor era vermos como faziam os locais, mas pensei "oh, e' so' preciso olhar bem e quando virmos uma brecha, atravessamos a passo largo"... Totalmente errado! Essa coisa de brechas, para atravessar a rua, nao existe! Mas, ja' aprendi como fazer (com o guia): para a atravessar devemos mandar-nos para o meio da estrada sem medo, mas e' importantisssimo faze-lo a passo muito lento. Depois todos os veiculos que andam na estrada veem-nos e desviam-se com calma. No inicio e' um pouco complicado para nos (e ainda agora, ainda me e' um pouco) pois estamos habituados a atravessar nas brechas. O importante e' sangue frio, acreditar que ninguem vai contra nos e nunca fazer movimentos bruscos!!! (fyi, ainda hoje ja' em Hue, estava eu a dar uma volta de cyclo - semelhante a bicicleta indo o passageiro num banco sentado 'a frente - respirei bastante fundo quando vi um jipe grande a vir em direccao a nos e ficar a uns 20cm)




Ah, voltanto um pouco atras no tempo. Esteve um pouco complicado para sair de Laos e entrar no Vietname. No aeroporto nao me queriam deixar embarcar "nao encontro no teu passaporte o visto para entrar no Vietname, sem ele nao podes embarcar!", "mas tinham-me dito que o visto era obtido 'a chegada ao Vietname...", "nao em Hanoi isso nao e' possivel"... e comecei a ver a vida a andar para tras. "Anda comigo ao gichet do Vietname Airlines que la' poderas tratar disso" e la' fui... ao chegar la' lembrei-me que tinha um documento (recebido por email e impresso no hotel em Vientiane) para obter o visto do Vietname. Mostrei a quem me atendeu para ver se aquilo servia para alguma coisa e depois de ele analisar "isto e' suficiente, podes ir com isto e ao chegar a Hanoi obtens o visto". Basicamente, o documento autorizava a obter o visto 'a chegada ao Vietname. La' voltei para o check-in e mostrei o documento... nao e' que ela comeca a dizer que nao serve... "isto nao da'... nao tem o teu nome...", entao peguei no documento e apontei-lhe para o meu nome lendo-o ao mesmo tempo que lhe mostrava que era igual ao do passaporte... mas, ela nao ficou convencida, "ves e aqui esta' o numero do passaporte, que e' o meu...", "isto nao se ve muito bem..."... e ela ainda nao estava convencida, ate' que me disse "isto nao diz em lado nenhum para quando e' que se aplica, nao esta' escrito que vais entrar hoje...". Rais parta o raio da mulher que e' vesga e nao conhece os documentos que ja' lhe devem ter passado pelas maos n vezes "olha aqui, esta' aqui entrada a 26 de Maio e duracao ate' 26 de Junho". E, ainda um pouco reticente ela la' aceitou. Nao estava facil! Parecia que estava a ensinar um miudo a ler!!!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Reflexao sobre o valor d'uns belos chinelos

Ja' alguma vez pensaram no valor de um belo (pratico) chinelo de borracha ("a la" havaianas)?! O quao util pode ser para nos!... Enquanto estive em Laos apercebi-me perfeitamente disso!!! :-)
Primeiro que tudo e' muito mais fresco de qualquer outro tipo de calcado fechado, o que da' muito jeito nos dias de calor. Por vezes, ha' dias em que por aqui penso "bem, hoje vou caminhar muito e talvez por terreno irregular, por isso, vou de sapatilhas" mas, arrependo-me sempre e nao consigo descansar enquanto nao consigo voltar a calcar o chinelo! E' tao pratico e refrescante!
Mas, vamos a exemplos do quotidiano do valor do chinelo:
- chegamos a um templo onde nao podemos entrar calcados e, num instante, descalcamo-nos sem qualquer esforco...
- estas cheio de calor e passas numa fonte, manda-te la' para dentro e tudo fica mais fresco...
apetece-te/precisas de tomar um duche num local manhoso e nao tens coragem de por os pes naquele chao.. "ah, meus queridos chinelos que tanto jeito me das". Sera' que poderiam fazer o mesmo com, por exemplo, sapatilhas?... quanta falta senti dos chinelos quando fui experimentar a tradicional sauna herbal (sera' que e' assim que se escreve em portugues?) no inicio da selva nos arredores de Vientiane. Apos a sauna aconselharam-me a ir tomar um duche (leia-se, literalmente mangueirada) so' que ficava na outra casa (barraco) ao lado... porque e' que naquele dia tinha ido de sapatilhas?!... La' tive de fazer de conta que estava com os benditos chinelos! ;-)
O mesmo se aplica em Sentosa (ilha tematica/resort/parque de diversoes em Singapura) onde fui dar um mergulho ao mar mas, como nao tinha toalha e estava de sapatilhas, tive de andar descalco ate' conseguir secar. Era muito mais facil se tivesse os chinelos!

mas entao dizem voces "ah e tal, mas apanhas muito po' e terra, andas com os pes muito desprotegidos e facilmente se sujam..." e, qual e' o problema?! Passas num charco, numa fonte, numa torneira qualquer e, zas, mandas-te la' para dentro e fica tudo lavadinho de novo.

Devido ao valor que uns bons chinelos tem, e que por vezes no nosso dia a dia nos esquecemos, 'a semelhanca de, nalgumas empresas, haver o dia de se vestir informalmente, eu proponho a institucionalizacao do dia do chinelo (para todos os sexos, nada de discriminacoes) em que vamos todos de chinelo para o trabalho. Que dizem?! Conto convosco?! ;-)

domingo, 25 de maio de 2008

Imagens de Luang Prabang

Como hoje acordei cedo (5h15) para ver uma cerimonia matinal em que os mongues percorriam as ruas, incluindo a do meu hotel, acabei por ter tempo de, ir aos correios despachar 2Kg de bagagem (para evitar pagar excesso de peso nos voos) e dar aqui um salto para vos disponibilizar algumas imagens de Luang Prabang.

Aqui fica uma pequena amostra de Vat XiengThong onde se pode ver as pedras cravadas que contribuem para a beleza deste templo e que tambem podem ser encontradas no interior do Museu Nacional (antigo Palacio do Rei) que datam do mesmo reinado.





e a de uma casa tipica mesmo no centro da zona historica de Luang Prabang

A cerca de 25-30Km temos as cascatas Kouang Si com algumas piscinas de agua azul turquesa onde nao consegui resistir a dar um mergulho!!!


E, para acabar o dia em beleza, um bom sumo de lima numa esplanada sobre o rio Mekong a tentar avancar na minha leitura d' "O Mundo e' plano". Ta'-se bem, isto e' vida! ;-)

Laos: Luang Prabang

Bem, comeca a ficar tarde, ja' estou para aqui a escrever ha' muito tempo, nao consigo parar quieto por casua dos mosquitos (reais ou imaginarios) e ja' estou farto de estar descalco (tive de me descalcar para entrar no internet/cafe...), por isso, nao vou divagar muito sobre Luang Prabang que e' onde estou e que amanha ja' me vou embora rumo a Hanoi (Vietname).


Muito resumidamente, percebi porque e' que esta cidade e' considerada patrimonio mundial pela UNESCO: tem dos templos mais bonitos que ja' vi. O Vat XiengThong e' deslumbrante (googlem para ver fotos deste monumento ou entao esperem pf ate' ao meu regresso, ou entao chateiem-me muito...). Ontem passei o dia de barco a navegar no rio Mekong e, se fosse como no passado, tinha gasto varios rolos a tentar apanhar as melhores imagens... Ate' ao momento ja' tenho 1100 fotos e, por isso, prevejo horas a mostrar-vos-as quando regressar. De qualquer forma deixo aqui a foto que tirei hoje, enquanto iamos para as cascatas Kouang Si, que considero a foto do dia. Foi tirada numa aldeia tradicional a meio do caminho...


Quanto mais olho para a foto, mais gosto dela...



P.S. E' esquisito ter aqui ao lado dois monges vestidos a rigor todos entusiasmados a aceder 'a Internet noutro computador!... Mas... ja' me estou a comecar a habituar a estes contrastes! :-)


Casamento Lao

Estive uns dias sem dar noticias pois entretanto mudei de cidade (estou agora em Luang Prabang) e tambem sem ainda conhecer onde estao os melhores pontos de acesso 'a Internet mas, indo ao tema apresentado nas cenas do proximo capitulo do ultimo post:


Pois e'... eu que fujo dos casamentos como o diabo foge da cruz, fui a um casamento Lao no papel de penetra! :-)

Comparativamente ao casamento portugues ha' mais semelhancas do que eu imaginava mas, claro esta', que e' um pouco diferente. Mas, vamos la' 'a descricao do evento.

O casamento Laos tem cerimonia religiosa que decorre durante a manha ou tarde onde so' estao presentes um numero reduzido de pessoas, apenas os familiares mais proximos. Depois no final do dia, vao para um restaurante (os que tem dinheiro para isso) onde oferecem um banquete para um numero de convidados semelhante aos que se encontram nos casamentos portugueses.

'As 19h30, tal como combinado, la' estava eu de camisinha (ainda bem que levei algumas para o periodo de trabalho na Malasia...) o guia passou no hotel para me ir buscar e la' fomos ao casamento. Chegados la', ele disse-me "'a entrada vao estar os familiares dos noivos, e tu deves fazer um cumprimento com as duas maos juntas 'a cara e uma pequena venea... depois passamos no vaso das oferendas, eu meto um envelope, e ja' estamos dentro'"... "vai 'a frente que eu sigo-te e faco como tu fizeres", respondi-lhe eu. 'E pa', tanta venea que tive de fazer!!! E, na parte final das veneas la' estavam todas seguidas as irmas dos noivos "chi patrao!!!" :-)

Ao contrario dos casamentos portugueses, os de Laos nao tem lugares marcados, entao escolhemos uma mesa e sentamo-nos. E, pouco depois la' comecam a servir-me whisky e gasosa "eu nao quero, nao posso..." (no dia anterior tinha tomado um comprimido para a profilaxia da malaria e, tambem nao sou grande apreciador de whisky)... mas, pronto, para lhes fazer a vontande "eu bebo um bocadinho"



Passado cerca de 45min chegam finalmente os noivos e apresentam-se "'a nacao" enquanto duas pessoas comecam para la' a discursar algo que nao consigo compreender mas deveria ser algo a descrever os noivos, desejar-lhes felicidades ou algo do genero.


Chegam uns conhecidos 'a nossa mesa e... brinde, ai vai mais um gole de whisky...



Os noivos sentam-se e comeca o banquete, 100% self-service! Alguem se lembra e... brinde, mais uma golada de whisky (a minha sorte e' que eu praticamente so' molho os labios)...


Alguem quer beber mais um gole e, pronto, la' tem de ser... brinde (isto comeca-se a assemelhar a jantar de estudantes universitarios)


Entretanto o guia conta-me mais um bocado sobre os casamentos Lao e diz que 'as 23h30 o restaurante fecha, por isso, ate' la' vai haver a festa toda.


Ao fim de cerca de 45 minutos de ter iniciado a refeicao, os noivos levantam-se, vao para o centro da pista de danca e comecam a dancar para abrir o baile... qual valsa qual que, e' das dancas mais ridiculas que eu ja' vi... se e' que aquilo se pode chamar danca: os noivos nao estao abracados, o corpo nao mexe/danca, os bracos ficam dobrados a 90 graus e apenas mexem as maos enquanto vao caminhando lentamente 'a volta da pista!!!!!!!!!
Acaba essa musica e os convidados juntam-se... nao e' que a dancar da mesma forma!?!?!?! E' engracado ver cerca de 50 pessoas a (fazer que) dancam! (desculpem la' estar a dizer tao mal da danca deles. Faz parte da cultura e acho muito bem mas, para nos e' muito fora)
... a visinha da mesa do lado fica com vontade de dar um gole e... brinde... Rais parta estes gajos que se tem vontade de beber, se passa uma mosca, se estao cansados de estar na mesma posicao, ... la' se poem a fazer um brinde! Mas, o brinde e' sempre com whisky, independentemente do sexo ou idade. Se eu tivesse um negocio ligado aos whiskies, teria de estar na 'Asia. Eles bebem whisky como nos (portugueses) bebemos cerveja!!!
Durante o baile, alem daquela danca... "particular"... tambem dancaram outras que consistiam em sequencias semelhante ao Kuduro mas, muito MAIS suave, subtil e sem grandes movimentos de corpo, era tudo mais deslizado. E, quando deu lambada nao resisti e gravar um video para mais tarde recordar...



Agora, imaginem se num casamento em Portugal estivesse la' no meio um asiatico... pois, a certa altura, como podem imaginar, comecei a ser requisitado para ir dancar... e, la' tive de ir. Primeiro uma danca a par e depois comecou a dar uma musica para dancar da forma "particular" que descrevi em cima... e nao pude fugir e la' tentei dar o meu melhor :-) felizmente nao ficaram provas desta minha performance!!!!! A partir dai' quase que ja' nao consegui sair da pista, chegando ao ponto de vir um Sr. de certa idade (e talvez um pouco tocado...) pedir-me para ir dancar a que tive de dizer que nao... "fizeste bem em dizer que nao", confessou-me um amigo do meu guia.
Alguem quer beber mais um gole e, pronto, la' tem de ser... brinde... a certa altura, finalmente, o meu copo de whisky acaba... e varias pessoas tentam por mais whisky mas desta vez tive de recusar e agarrar-me 'a coca-cola mais proxima. Por causa disto ainda fui gozado "nao bebe whisky, tchhh" :-) mas, foi melhor assim!
Poucos minutos apos as 23h la termina a festa, o meu guia esta' bem atestado... De la' ainda fui ate' um bar com ele, ficando os amigos dele de irem mais tarde. Felizmente em Laos conduz-se devagar e ha' poucos carros pois o condutor tinha bebido um pouquito a mais!!!
P.S. fyi, no dia seguinte quando o guia me me foi levar ao aeroporto, pediu-me desculpa (desnecessaria) pela noite anterior... e disse que estava com uma ressaca e que nao conseguia comer nada! :-)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Laos: Conquistado pela boca!!!


Ontem 'a hora de almoco deram-me um golpe fatal: comida saborosissima!!! Se ja' estava a gostar das primeiras impressoes de Laos, ontem ao almoco fiquei decididamente conquistado!!!
O guia perguntou-me se queria ir a um restaurante ocidental (por exemplo, sueco) ou comida de Laos... "Laos sem duvida, quero experimentar os sabores locais!", e la' me mandou para um restaurante de comida Lao que apesar de ser bastante caro (paguei cerca de 15 euros) a comida era excelente.

Pedi um Mokpafork (Peixe do rio Mekong cozido a vapor com ovos, cebola e leite de coco embrulhado em folha de bananeira) e como aperitivo pedi um Luke Tao (cogumelos em forma de tartaruga enchidos com porco e camarao triturado). Divinal! Muito muito bom, principalmente os cogumelos!

E, enquanto esperava que me trouxessem a comida olhei para a mesa 'a minha frente e via as pessoas com um cestinho que por vezes abriam, metiam la' a mao, tiravam uma coisa roxa, amassavam com a mao e depois comiam... "o que sera' aquilo? vou querer experimentar!" e nao e que quando me trazem a minha comida vem um cesto igual! ;-) Depois descobri! Aqui nos escolhemos o prato e depois eles perguntam qual o acompanhamento "steam rice e outra coisa qualquer". Como desta vez resolvi experimentar o outro (o que nao percebiam bem o quer era), acertei em cheio. O nome e' "sticky rice", ou seja, arroz pegajoso. O engracado e que devemos mesmo comer e amassar 'a mao!!! Faz-me mesmo lembrar o amassar da plasticina!!! Mas, recomendo! E' curioso que apesar do arroz ser pegajoso nao se cola nas maos (semelhante ao M&M).

Da comida asiatica que ja experimentei comeco a achar a de Laos a melhor. Nao e' gordurosa como a chinesa e eles fazem umas misturas interessantes. Ainda no primeiro dia comi um bife despedacado bastante picante e com folhas de hortela. A hortela ficava mesmo bem para quebrar um bocado o picante!!!

P.S. Finalmente recuperei o meu backlog e ja' tenho o blog actualizado. Agora vou ver se durmo 1 horita (a noite anterior foi muito curta) e 'as 19h30 vou a um casamento! E' verdade! O meu guia perguntou-me se eu queria ver costumes locais e como eu lhe disse que sim, convidou-me para ir a um casamento de um amigo que vai decorrer hoje onde vou poder participar/assistir a rituais tradicionais. Vamos la' ver como e'!...

Laos: primeiras impressoes de Vientiante


Ha' 2 dias cheguei a Vientiane e tive uma surpresa muito agradavel. Por motivos de contencao de custos decidi optar por hoteis de 3 estrelas em detrimento de 4. Por isso, estou um bocado expectante no que vou encontrar relativamente a este ponto...
Mas ontem quando cheguei ao hotel fiquei muito surpreendido positivamente: a decoracao e' muito porreira e o quarto, embora com uns anitos, um espanto. Tem uma decoracao artistica local muito acolhedora e vista priveligiada para o Rio Mekong com a Tailandia na outra margem. Quando entro no quarto da-me logo vontade de nao sair do hotel pois esta-se la' muito bem!

Quanto 'a cidade, nao se pode dizer que existem muitos templos (budistas), nos tropecamos neles, estao por todo o lado. E' dificil andar 500m sem encontrar um novo templo!!!


P.S. Desculpem a escrita sem acentos nem cedilhas mas estes teclados sao diferentes!!!...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Plano da viagem


Como ainda nao apresentei o plano da viagem, aqui vai:

- 30 de Abril chegada ao aeroporto de Singapura e transfer para Johor Bahru (Malasia) para 3 semanas de trabalho
- 20 Maio viagem de autocarro para Kuala Lumpur e inicio das ferias (merecidas)
- 20 Maio entrada em Laos
- 26 Maio entrada no Vietnam
- 3 Junho entrada no Cambodja
- 6 Junho regresso a Kuala Lumpur
- 8 Junho chegada a Portugal

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O inicio

Ao fim de duas semanas de trabalho em Johor Bahru estou agora no aeroporto de Kuala Lumpur LCC a preparar-me para partir para Laos. E a festa vai comecar!...
Como e' a primeria vez que estou a criar um blog para este fim ainda nao sei ao certo o que isto vai dar e tambem nao sei se vou ter oportunidade para vir aqui dar noticias regularmente. Vamos indo e vamos vendo...